Apresentação do ator
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) ocupa o prédio da Av. Rio Branco, no Centro do Rio, conhecido como Palácio Tiradentes. Trata-se do prédio que abrigou o antigo Congresso Nacional Brasileiro, entre 1926 e 1960. Patrimônio histórico, hoje, é a sede do poder legislativo do estado e palco frequente de manifestações entre a população do Rio e seus representantes políticos, na figura dos deputados estaduais. Esse edifício de arquitetura monumental e de enorme riqueza simbólica é um ator não-humano fundamental para a nossa rede. A tomada das escadarias da ALERJ pelos manifestantes, a pichação das pilastras, os coquetéis molotov disparados prédio adentro, o quebra-quebra no confronto com a polícia são gestos que imputam aos manifestantes a alcunha de vândalos.
Testemunho
- “Policial: O que a gente fez no portão da ALERJ? Recuamos, parceiro. Se a gente fosse desordeiro como alguns, algum policial despreparado, tinha metido a mão na arma e dado um tiro em alguém, parceiro
- Manifestante: Mas deram!
- Policial: Se deram, não pegou, irmão!”
(do vídeo dos 100 mil)
"De todos os prejuízos, o inconcebível é a destruição do patrimônio histórico. Eu me recuso a dizer que o que aconteceu aqui foi uma manifestação. A manifestação aconteceu na Rio Branco. O que aconteceu aqui foi um ato de vandalismo”, disse o presidente da casa” .
(do presidente da ALERJ, deputado Paulo Melo (PMDB), ao portal de notícias G1)
A ALERJ aciona polícia, manifestantes, grande imprensa, mídia ativista, redes sociais, black blocs, aparelhos de registro de imagem, coquetel molotov, cartazes.
ATORES QUE FAZ AGIR
Polícia: Sob a justificativa de defender o patrimônio público, a PM enfrenta os manifestantes e cria barreiras à entrada do prédio. Vale tudo contra a depredação da ALERJ pelos vândalos.
Manifestantes: Ocupam o prédio da ALERJ justamente pelo valor simbólico que ele desempenha. Tomar a casa legislativa estadual é demarcar território em meio à crise de representação política e de instituições vivida pelo país.
Grande imprensa: Pauta a cobertura pelo que houve de factual no ato. O embate entre policiais e manifestantes é assunto de grande interesse midiático. Investe na cobertura ao vivo e nos desdobramentos para o noticiário do dia seguinte.
Mídia ativista: Também se pauta pelo que há de factual no confronto. Investe na captura de imagens e testemunhos. Põe em evidência o lado simbólico da ocupação do prédio. Em suas narrativas, associa o conceito de vândalos aos policiais e outros agentes do Estado.
Redes sociais: Divulga muitas imagens e relatos que põem em evidência a ação de tomada da ALERJ, seja da depredação do local seja do confronto direto com a polícia.
Black blocs: O grupo tem a sua imagem diretamente associada aos vândalos e, no caso do dia 17, à atitude de enfrentamento da polícia e depredação da ALERJ e de outros prédios do entorno como agências bancárias. Entre as estratégias de protesto dos black blocs está de fato a destruição dos símbolos do capitalismo.
Aparelhos de registro de imagem: Capturam todos os gestos que levam a ocupação do prédio: desde o lançamento do coquetel molotov à tomada da escadaria, depredação do local, em sequências de imagens tantas quantas possíveis.
Coquetel molotov: Um desses artefatos foi atirado diretamente contra o prédio da ALERJ abrindo caminho para que os manifestantes entrassem no local.
Sérgio Cabral: É a partir da tomada da ALERJ que o Estado passa a reprimir de forma mais violenta os confrontos com os manifestantes.