Apresentação do ator
A polícia é o representante do Estado presente em todas as manifestações. É um dos principais atores na construção do evento na rua, e pode-se dizer que a manifestação toma contornos dramáticos quando há o encontro entre os manifestantes e a polícia. Quase como se a polícia, encarnação do estado nas ruas, fosse o antagonista dos manifestantes. No dia 17 de junho, a posição da polícia a princípio foi a de preservar o patrimônio público, o prédio da ALERJ. No entanto, durante e após a manifestação, as redes sociais foram povoadas por registros da ação violenta da polícia. Por um lado, o porta voz da polícia e parte da imprensa afirmam que a ação mais enérgica da corporação foi para conter uma minoria de vândalos que tentaram invadir a ALERJ; por outro, manifestantes dizem que policiais mascarados (com toucas ninjas e máscaras de gás) e sem identificação no uniforme agiram violentamente sendo eles os verdadeiros vândalos naquele dia. Há também os relatos por parte dos movimentos sociais da ação de policiais infiltrados praticando atos de “vandalismo” no dia 17 de junho. Dentro da rede que se tece nas ruas, a polícia é um dos atores que disputam o signo vândalo, dando existência a ele, localizando suas ações e o culpando pela violência nas ruas, ou encarnando o vândalo na perspectiva dos manifestantes diante da truculência de sua ação.
Testemunho
Imagens: vídeo Institucional da PMRJ
Material bruto sem cortes da policia atirando nos manifestantes
A POLÍCIA aciona manifestantes, grande imprensa, mídia ativista, redes sociais, black blocs, aparelhos de registro de imagem, ALERJ, bomba de gás, coquetel molotov, cartazes, máscara. Ou seja: a PM só não aciona Sérgio Cabral.
ATORES QUE FAZ AGIR
Manifestantes: O pequeno contingente policial e seu recuo para dentro da ALERJ faz os manifestantes avançarem e tomarem as escadarias do prédio. Posteriormente tiros são deferidos por policiais atrás da ALERJ e a ação da tropa de choque consegue dispersar os manifestantes.
Grande imprensa: Já estava presente na ALERJ antes da chegada dos manifestantes. O recuo da polícia e a tomada da escadaria por manifestantes serve à construção narrativa da grande imprensa de como um grupo de vândalos depredou o patrimônio público e acuou a polícia.
Mídia ativista: O recuo da polícia gerou a imagem da vitória simbólica dos manifestantes nas mídias alternativas. Há também os relatos da violência na dispersão da multidão e os registros de policiais dando tiros de verdade para o alto contra os manifestantes. Os policias, nesses caso, se tornam os verdadeiros vândalos. Há também a denúncia de policiais infiltrados no meio da multidão.
Redes sociais: Divulgação das imagens e relatos, tanto da vitória simbólica da tomada da escadaria, como da seguinte violência policial. Há uma divisão nas redes entre os apoiadores da efetividade dos atos de vandalismo, como também dos detratores, se já havia o bordão nas ruas “sem violência”, agora surge um novo “com vandalismo”.
Black blocs: Agem como linha de contenção entre a polícia e os manifestantes, não recuam da ação da polícia e resistem. Sua indumentária, roupas pretas e máscaras, são aquela que a polícia identifica como a do vândalo.
Aparelhos de registro de imagem: Registram toda a ação policial: recuo até se esconderem dentro do prédio, policial ferido sendo carregado, policiais atrás da ALERJ atirando munição letal para cima, tropa de choque dispersando a multidão, policiais trocando a farda por roupas civis, entre outras.
Bomba de gás: A polícia faz uso da bomba de gás para dispersar a multidão, como também de outros armamentos classificados como não letais. Há uma justaposição entre um policial que atira uma bomba de gás e o manifestante que joga um coquetel molotov.
Coquetel molotov: artefato explosivo utilizado por manifestantes contra a investida da polícia. Um coquetel foi atirado nas escadarias do prédio quando a polícia recuou no dia 17 de junho.
Cartazes: A ação violenta da polícia passa a ser tema dos cartazes, como também uma nova pauta a favor da desmilitarização da polícia. Toda a ação da polícia se torna material para feitura de cartazes.
Máscaras: Os manifestantes utilizam máscaras, as mais diversas, como forma de proteger suas identidades da polícia e também como proteção a ação corrosiva do gás lacrimogêneo.
POLÍCIA
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