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Diagrama

APARELHOS DE REGISTRO

DE IMAGENS

Apresentação do ator

 

As imagens que circulam nas redes sociais são uma extensão dos acontecimentos das ruas. É difícil separar o que acontece nas manifestações das imagens que as traduzem nas redes. As ruas produzem as imagens que, por sua vez, produzem as ruas. É uma relação constante e turbulenta. O vândalo é modulado, construído, nesse vai-e-vem entre as ruas e as imagens. O gesto de jogar um coquetel molotov, usar uma máscara, quebrar uma vidraça, vira registro imagético e se torna  muitos outros – resistência, política, estética, vandalismo, vanguarda, crime, os muitos que as narrativas da rede e da imprensa podem inventar. Vale dizer que qualquer gesto da multidão é prenhe de imagens – os aparelhos de registro fazem a mediação entre o gesto das ruas e as narrativas que explodem dela, possibilitando os corpos diversos, os mil e um vândalos. No dia 17 de junho, não podia ser diferente, e a força do gesto de tomar o prédio da ALERJ viveu para além das ruas nas imagens.

 

Testemunho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Material bruto do dia 17/06/2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Programa Cidade Alerta (rede Record), 17/06/2013

 

 

 

 

Os APARELHOS DE REGISTRO DE IMAGEM acionam polícia, manifestantes, grande imprensa, mídia ativista, redes sociais, black blocs, ALERJ, bomba de gás lacrimogêneo, coquetel molotov, cartazes, máscaras, Sérgio Cabral.

 

 

ATORES QUE FAZ AGIR

 

Polícia: Os aparelhos mobilizam a polícia de forma diferente. Por um lado, estão lá para registrar sua encenação, recuo e depois dispersão dos manifestantes – a grande imprensa já estava posicionada antes da confusão do dia 17 de junho, como também o globocop nas alturas. Por outro, sua truculência é denunciada através dos mesmos aparelhos, como a imagem dos PMs atirando com munição letal atrás da ALERJ revelam.

 

Manifestantes: Os aparelhos interagem e modulam a própria ação dos manifestantes que passam a ser imagem nas redes sociais e na imprensa. Ao mesmo tempo em que produzem um espaço espetacular de ação, também produzem a segurança do registro e da circulação dos “fatos”. Permitem aos manifestantes agirem seguros de que sua ação está sendo registrada.

 

Grande imprensa: São as imagens gravadas pelos aparelhos, anônimos ou não, que servem de material para as construções narrativas da imprensa em torno do vandalismo e do papel dos vândalos.

 

Mídia ativista: São as imagens dos aparelhos e sua circulação na rede que desconstroem a versão oficial da grande imprensa e da polícia e dão força às outras narrativas dos eventos das ruas. São essas imagens que ajudam a imprensa alternativa a questionar: quem é o vândalo? Quem atirou a primeira pedra? É também através dos registros que surgem e são apuradas as denúncias de policiais infiltrados.

 

Redes sociais: São mobilizadas pelas imagens geradas nos conflitos, muitas vezes na hora em que ocorre a manifestação.

 

Black blocs: São alvo dos aparelhos de registro já que participam de boa parte do conflito do dia 17 de junho. Ao mesmo tempo, heróis que enfrentam a polícia e vândalos que esvaziam os atos e depredam o patrimônio público.

 

ALERJ: A importância da tomada da ALERJ, no campo simbólico, para além de quem estava lá naquele momento, se dá a partir dos registros do prédio sendo tomado pelas pessoas, de suas escadarias em chamas e da polícia que se esconde lá dentro.

 

Bomba de gás: A pirotecnia das bombas faz parte da encenação das ruas que passa a existir diante dos aparelhos de registro.

 

Coquetel Molotov: O Coquetel Molotov é personagem principal pela beleza que risca as imagens com sua cauda amarela incandescente. Faz sentido atirar um coquetel molotov se ele não se tornar imagem?

 

Cartazes: Empunhar um cartaz nas manifestações é uma forma de construir subjetividades, de existir na multidão pulsante, e talvez a melhor forma de ser sujeito é se dar ao registro dos aparelhos erguendo o seu cartaz.

 

Máscaras: Uma das razões dos manifestantes utilizarem as máscaras é para que não sejam reconhecidos posteriormente pela polícia que fará vistoria nas imagens gravadas das manifestações. É possível também, uma vez que os vândalos se tornam disputa narrativa, que ela vire um figurino para ser registrada e tornada imagem, como umas das negociações que ocorrem nas ruas.

 

Sérgio Cabral: São as imagens da tomada da ALERJ feitas pelos aparelhos de registro que balizam o discurso da não tolerância aos vândalos feitas pelo governador.

APARELHOS DE REGISTRO DE IMAGENS

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