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Apresentação do ator

 

Ator representado pelos veículos tradicionais de informação, a grande imprensa pauta a cobertura dos conflitos de junho pelo modo mais convencional de narrar no jornalismo, aquele que se apresenta sob o manto da neutralidade, objetividade e imparcialidade. Em campo, sobrevoa o local e oferece um panorama da cidade na visão de quem vigia e informa, mas não se coloca no centro da cena, no olho do furacão. É expulsa pelos manifestantes e hostilizada nas ruas. Durante a cobertura do dia 17, na ALERJ, adota o discurso do vândalo como “minoria infiltrada”, “pequena parte dos manifestantes” ou “grupo de baderneiros” versus “uma imensa maioria pacífica”. Na transmissão ao vivo do evento, abusa de expressões como “tumulto”, “violência”, “vandalismo”, “confusão”, “praça de guerra”. A repercussão no dia seguinte não foge a esse tom. Tal discurso oscila e assume contornos diferenciados ao longo das coberturas mas de um modo geral só reconhece como legítimas as manifestações que não causam danos ao patrimônio. Ao editar vozes dissidentes de modo a manter uma situação de ordem, ignora a pluralidade de relatos e a amplitude narrativa que a situação sugere, seguindo fiel ao modelo estabelecido e reforçando o senso comum.

 

Testemunho

 

Jornal Nacional - Grupo de Manifestantes depreda Centro Histórico do Rio de Janeiro.

 

 

 

 

 

 

Meia dúzia. Não é mais de meia dúzia. Fui lá, no meio deles. Todos pegando coco, pau… Vieram preparados para provocar e desmoralizar o nosso movimento. Não nos representam esses meninos” (De uma manifestante no JN. Depoimento reproduzido em outros veículos).

 

Acho que não é assim que a gente vai conseguir o que a gente quer. A gente precisa lutar muito mas é uma luta pacífica. Não é destruindo a cidade que a gente quer ver bem que a gente vai conseguir alguma coisa” (De uma outra manifestante, a mesma da foto abaixo, estudante Júlia Vieira).

 

 

 

Cobertura de O Dia – um pouco menos tendenciosa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Revista Veja – Reinaldo Azevedo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Blog da Época – Eliane Brum

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A GRANDE IMPRENSA aciona polícia, manifestantes, mídia ativista, redes sociais, black blocs, aparelhos de registro de imagem, cartazes, Sérgio Cabral.

 

 

ATORES QUE FAZ AGIR

 

Polícia: Respaldada pelo discurso em defesa da ordem assumido pela Grande Imprensa, a PM segue com o seu papel de protetor dos manifestantes e em defesa do patrimônio público. No dia 17, o texto da repórter Beth Luchesi, da Rede Globo, durante a cobertura via Globocop, poderia ser confundido com o da assessoria de imprensa da Polícia Militar.

 

Manifestantes: Colocam a grande imprensa também no rol de reivindicações. Na pauta dos manifestantes, estão incluídas a luta pela democratização dos meios de comunicação e contra o monopólio das grandes corporações. Tentam impedir que repórteres de veículos tradicionais façam o trabalho de cobertura. A partir da manifestação do dia 17, organizam atos à porta da Rede Globo e adotam como um dos gritos de guerra mais ouvidos nas ruas: “A verdade é dura, a Rede Gloco apoiou a ditadura”.

 

Mídia ativista: Faz o contraponto ao relato da grande imprensa. Dar a ver outras imagens e testemunhos que passam a disputar com a imprensa hegemônica a narrativa oficial da invasão da ALERJ, a propósito, denominada pela imprensa alternativa de ocupação da ALERJ. É também depois do dia 17, que tem início as transmissões em streaming, cujo exemplar mais eloquente passa a ser a Mídia NINJA. Paradoxalmente, a mídia ativista também se alimenta das narrativas da grande imprensa.

 

Redes sociais: Fazem circular outras narrativas produzidas pela imprensa alternativa ou de maneira independente. Passam a apontar as contradições da grande imprensa utilizando para isso até mesmo as próprias narrativas veiculadas pelos grandes veículos. Testemunhos sobre o confronto na ALERJ invadem páginas pessoais. A polifonia das ruas ocupa as redes.

 

Black blocs: Na linha de frente, acabaram se transformando na personificação do vândalo para a grande imprensa. São “a pequena minoria radical” tão repetida nas narrativas hegemônicas. Em resposta, intensificam suas estratégias e disputas de sentidos, produzem panfletos e alimentam páginas nas redes sociais, como extensão de seus corpos nas ruas.

 

Aparelhos de registro de imagem: Produzem imagens de guerra. O efeito do fogo, das bombas, dos coquetéis, paus e pedras, escudos, sangue, estilhaços e do próprio prédio da ALERJ depredado são utilizados à exaustão pela grande imprensa. Há que se notar que, apesar de todo o aparato tecnológico de que disponhem e que incluem helicópteros e câmeras próprias para tomadas aéreas, os veículos da grande imprensa ficam em desvantagem com o desdobrar das manifestações. Durante a cobertura do dia 17, isso é menos evidente, mas depois com a transmissão dos eventos pela Mídia NINJA em tempo real, de dentro do combate, isso é notório.

 

Cartazes: Um gesto em toda a sua potência. No dia 17, os cartazes ainda se mostravam tímidos em relação a uma posição de ataque à grande imprensa. Mas já se viam slogans como “Abaixo a Rede Globo!” e outras frases de efeito contra Arnaldo Jabor e José Luiz Datena que, naquele momento, já haviam protagonizado episódios desconcertantes envolvendo a informação. No decorrer das manifestações, toda a mídia hegemônica vira combustível para os cartazes.

 

Sérgio Cabral: O governador do Estado utiliza a grande imprensa para dar respostas padrões às manifestações, deixando claro que não vai tolerar atos de vandalismo contra o patrimônio público.  No episódio do dia 17, a Prefeitura o Rio divulgou nota, mas o Governo do Estado não quis se pronunciar num primeiro momento.

GRANDE IMPRENSA

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